O mais recente relatório da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD, em inglês) conclui que o investimento alcançou níveis pré-pandemia, tendo aumentado globalmente em todas as regiões. Incentivos aos investimentos e reduções de taxas sobre lucros empresariais são os principais motivos da recuperação.
Na América Latina os investimentos rondaram os 134 mil milhões de dólares em 2021, um aumento de cerca de 56% por comparação com o ano anterior, em que tinham sido registados investimentos na ordem dos 86 mil milhões.
As áreas visadas foram a indústria automóvel, serviços financeiros, seguros e eletricidade, com um aumento recorde nas áreas da informação e dos serviços de comunicação.
Nas 3 sub-regiões (América Central, América do Sul e Caraíbas) houve um aumento dos inflows, com a América do Sul a registar o maior fluxo, quase o dobro das duas outras sub-regiões combinadas.
A região registou assim cerca de 88 mil milhões de dólares investidos, um crescimento de 74%, com os principais beneficiários a serem o Brasil, a Colômbia e o Chile.
O valor justifica-se com o aumento da procura das commodities e minerais, levando ao desenvolvimento das áreas dos hidrocarbonetos e exploração mineira. A Argentina e o Peru retomaram níveis anteriores à pandemia.
O Brasil é ainda o sexto maior destinatário de investimentos a nível mundial.

Na América Central, o México apresenta-se como o principal recetor, com 75% dos investimentos feitos na sub-região. Costa Rica e Guatemala também viram os seus ranking melhorar, com o primeiro a conseguir retomar níveis pré-pandemia e o segundo a alcançar um valor recorde de 3,8 mil milhões de dólares. Nas Caraíbas a República Dominicana recebeu 3,1 do total de 3,8 mil milhões de dólares em investimentos realizados na região.

Os Países Baixos são o principal investidor na América Latina, seguidos pelos Estados Unidos e Espanha.
A China também tem aumentado progressivamente os seus investimentos na região, mas de forma controlada. De acordo com o Silk Road Briefing, em 2020 registou-se um investimento na ordem dos 16,6 mil milhões na região. Os investimentos chineses na região aumentaram exponencialmente com o início da Belt and Road Initiative, o que tem gerado preocupações nos Estados Unidos da América, o segundo principal investidor na América Latina.

É esperado um abrandamento dos investimentos em 2022, resultado da guerra na Europa e dos vários confinamentos na China, que impactam as grandes cadeias globais de valor. Por outro lado, os programas públicos de infraestruturas e recuperação pós-pandemia deverão contribuir para amenizar a situação.
Este abrandamento não deve ter grande impacto na América Latina, não só porque se apresenta como um mercado alternativo seguro de acesso a produtos necessários como alimentos, combustíveis e energia, tendo assim potencial para crescimento, mas também devido às poucas ligações comerciais e económicas diretas que tem com a Europa.
O relatório do UNCTAD foi publicado no passado dia 9 de julho e está disponível para leitura em World Investment Report 2022 | UNCTAD.
Fontes
- United Nations Conference on Trade and Development. (2022). World Investment Report 2022: International Tax Reforms and Sustainable Investment. Disponível em World Investment Report 2022: International tax reforms and sustainable investment (unctad.org) Acedido a 18/07/2022.
- Ratzlaff, Adam e Woods, Emma. (7 abril 2022). The Battle for the Hearts and Minds of Latin America?. Global Americans. Disponível em The Battle for the Hearts and Minds of Latin America? (theglobalamericans.org) Acedido a 18/07/2022.
- Devonshire-Ellis, Chris. (1 março 2022). China Massively Expands Diplomacy and Investments in Latin America And The Caribbean. Silk Road Briefing. Disponível em China Massively Expands Diplomacy And Investments In Latin America And The Caribbean - Silk Road Briefing. Acedido a 18/07/2022.
Gráficos cortesia do World Investment Report 2022 do UNCTAD.