Decorreu a 17 e 18 de julho, em Bruxelas, a Cimeira de Chefes de Estado e Governo UE-CELAC, reunindo mais de 50 líderes de ambas as regiões para aprofundar as relações num momento de grandes câmbios a nível geopolítico e de alianças diplomáticas, oito anos após o último encontro.

No arranque do fórum empresarial, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, anunciou a aplicação de 45 mil milhões de euros na América Latina e Caraíbas, como parte das novas prioridades de investimento ao abrigo do programa Global Gateway. Este valor será distribuído por 135 projetos, como a iniciativa de reflorestação de florestas tropicais do Brasil ou a extensão dos cabos de telecomunicações para regiões mais isoladas dentro da floresta amazónica.
Foi também aprovada uma declaração conjunta sobre a Aliança Digital América Latina e Caraíbas-UE, onde os países da CELAC concordaram em aprofundar a parceria digital com a Europa através de uma nova aliança digital UE-CELAC. A sua implementação será realizada no âmbito do Global Gateway sendo que em 2023 a cooperação entre os blocos incluirá as seguintes atividades:
A extensão do cabo de fibra-ótica BELLA para países interessados, criando assim uma conectividade digital segura e promovendo com que a pesquisa entre países da UE e CELAC possam estar mais próximas;
A implementação de uma estratégia Copernicus a nível regional, com dois centros de dados regionais do Copernicus no Panamá e no Chile;
O estabelecimento de um Acelerador Digital UE-CELAC com o objetivo de promover a colaboração de várias partes interessadas entre empresas da UE e da CELAC, PMEs e startups. O objetivo é facilitar e acelerar pelo menos 40 Joint Ventures para a inovação birregional e transformação digital.
Poderá consultar a Declaração Conjunta sobre a Aliança Digital UE-CELAC aqui.
A guerra na Ucrânia também foi um dos grandes temas, com os dois blocos a elaborarem um texto comum sobre o conflito europeu. A recusa da Nicarágua em assinar o texto comum, que aponta a Rússia como agressor, significa que não haverá uma declaração formal mas não deixa de ser notável a quase unanimidade do texto alcançado.
Muitos dos países latino americanos, embora condenem a invasão russa nas votações das Nações Unidas, não são a favor das sanções económicas e isolamento da Rússia.
O Primeiro-Ministro António Costa afirmou que “é necessário olhar para a cooperação, mas sem nos esquecermos que existe uma guerra na Europa que traz consequências mundiais”, referindo-se ao cessar do acordo de grãos do Mar Negro e as possíveis implicações que isso trará para a economia mundial.
Foto: Geert Vanden Wijngaert
Fontes:
https://www.copernicus.eu/en/about-copernicus