Relações América Latina e Europa
IPDAL divulga relatório da Comissão Económica para a América Latina e as Caraíbas (CEPAL), União Europeia e Fundação EU-LAC sobre a relação bi-regional.

As mudanças que o mundo viveu nos últimos anos trouxeram novas exigências e desafios sociais, económicos, institucionais e digitais, abrindo espaço para repensar a cooperação entre os membros da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC) e a União Europeia.
Duas grandes mudanças são marcantes nesse novo cenário, a primeira refere-se ao Brexit e a segunda às políticas adotadas pelo novo governo norte-americano, a partir de 2017.
O impacto dessas mudanças afeta de forma diferente cada região e, num sistema económico cada vez mais globalizado, caracterizado por relações multilaterais e de cooperação, é imprescindível analisar o cenário mundial para falar em perspetivas para o desenvolvimento da América Latina e Caraíbas.
Mesmo com o cenário global conturbado, segundo o relatório da CEPAL, verificam-se na região sinais de aceleração do crescimento. A economia mundial, em 2017, cresceu 3,2%, a maior taxa de crescimento desde a crise de 2008 e a recuperação tem sido observada tanto em países industrializados quanto em economias em desenvolvimento.
De forma geral, tanto para a União Europeia como para a América Latina, as perspectivas de crescimento do comércio são favoráveis e o aumento da procura interna e externa têm favorecido o aumento do PIB latino-americano. No primeiro trimestre de 2018, este crescimento económico apoiou-se no consumo privado e no investimento, tendo como protagonistas Panamá, Granada, Nicarágua, Paraguai, Honduras e República Dominicana, economias que mostraram maior dinamismo.
Por outro lado, a economia da União Europeia também tem crescido acima do esperado e no terceiro trimestre de 2017 atingiu um valor superior a 0,7%, sugerindo uma tendência contínua e duradoura. Atualmente, todas as economias da União Europeia entram no quinto ano de recuperação e espera-se uma taxa de crescimento positiva para todos os países membros.
A União Europeia mantém-se como a terceira maior parceira comercial da América Latina e Caraíbas, representando cerca 14% das importações da região. Em 2017, o comércio entre América Latina e Caribe e União Européia atingiu 231 mil milhões de dólares, 9% mais que no ano anterior.

O Mercosul é o principal exportador de bens para União Europeia e, em 2017, os países que compõem o bloco exportaram 47.300 milhões de dólares para a União Europeia, representando 46% dos envios regionais para o mercado europeu. Por outro lado, o México importa uma ampla gama de produtos vindos da Europa, sobretudo manufaturados, e tem uma grande presença de fabricantes europeus do setor automóvel no seu território.

Segundo o relatório, a União Europeia possui a maior rede mundial de acordos comerciais com a América Latina, o que representa um enorme leque de oportunidade para ambos. O países latino-americanos e das Caraíbas que assinaram acordos comerciais com o bloco melhoraram consideravelmente os seus níveis de acesso ao mercado, sobretudo no setor industrial.
O setor de energias renováveis lidera os investimentos europeus na América Latina, concentrando 63% do investimento desde 2005. A Espanha destaca-se como o maior investidor, representando 29%, seguido de Itália (8%), Alemanha (8%) e França (7%). O Chile destaca-se como o país que recebe maiores investimentos para modificar a matriz energética, concentrando 31% dos investimentos europeus, seguido do Brasil e México (ambos com 21%). A CEPAL e a Fundação EU-LAC destacam ainda o enorme potencial que os países latino-americanos têm para o desenvolvimento de energias renováveis.