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RELATÓRIO CELAC: Economia Latino-Americana2012

Já se encontra online o mais recente relatório do Centro de Estudos da América Latina e Caribe (CELAC), sobre o desempenho económico da região em 2012. A América Latina tem sido, a par da Ásia, a região do planeta com mais elevados níveis de desenvolvimento económico e social na última década. Em 2011, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da região foi de 4,3%. Em 2012, o Panamá deverá conhecer a maior expansão, com o PIB a crescer 9,5%, seguido do Haiti (6,0%) e Peru (5,9%). Bolívia, Chile, Costa Rica, Nicarágua e Venezuela deverão crescer 5% este ano, enquanto o México terá um aumento de 4%. O Brasil continua com a sua posição preponderante na região, contudo o crescimento estará entre os 1,6% e 2%. No entanto, para 2013, perspetiva-se um crescimento de cerca de 4%. O Paraguai será o único país que terá uma contração, de -2,0%, devido a fatores climáticos excecionais, que afetaram parte das produções de soja e carne bovina, dois dos principais produtos de exportação do país). Perspetiva-se que o crescimento PIB para a região, em 2012, se fixe nos 3,2%, ao contrário dos 3,7% previstos anteriormente. Por sub-regiões, o Caribe crescerá 1.6%, a América Central 4,4% e a América do Sul 2,8%.

O abrandamento no ritmo da expansão económica deve-se particularmente à debilidade económica na Europa e nos Estados Unidos da América e à desaceleração da China. Estes factos levam a que a América Latina seja influenciada, sobretudo ao nível das exportações. Contudo, apesar das turbulências no meio financeiro e económico global, a região tem mantido o seu acesso aos mercados internacionais e as suas reservas monetárias continuam a aumentar, levando a uma melhoria dos resultados fiscais na maior parte dos países. Consequentemente, para 2013 prevê-se uma tendência de crescimento levemente inferior para a maioria dos países latino americanos, nomeadamente para aqueles cujas exportações têm como principal destino a China. O México e os países centro americanos terão um crescimento similar ao de 2012. Nas Caraíbas a recuperação será pausada com taxas levemente superiores às de 2012, graças nomeadamente ao turismo. O Investimento Direto Estrangeiro (IDE), na América Latina e Caraíbas, representa atualmente 10% dos movimentos mundiais, tendo registado um fluxo de investimento superior a 154 mil milhões de dólares, em 2011. Segundo o relatório da Comissão Económica para a América Latina e Caraíbas (CEPAL), de Novembro de 2012, o IDE na região aumentou 8% nos primeiros 6 meses de 2012, totalizando mais de 94 mil milhões de dólares. O aumento do IDE deveu-se à estabilidade política e à dinâmica económica, tal como ao alto preço das matérias-primas. A atividade mineira e a exploração de hidrocarbonetos foram dois dos sectores que captaram mais investimento, particularmente na América do Sul. O Chile, a Republica Dominicana, o Peru e a Colômbia foram os países onde se verificou maior investimento estrangeiro direto. O Brasil continua a ser o principal destino na região, representando 46% do total de IED, mas sofreu uma ligeira queda de 2%. O Chile ocupa agora a segunda posição, graças a um aumento de 80%, que lhe permitiu ultrapassar o México. Relativamente às “Translatinas” (empresas de investimento latino americanas no estrangeiro), registaram um crescimento de 129%. Ao nível de regulamentação empresarial para fixação de pequenas e médias empresas, o Chile ocupa a primeira posição na América Latina e a 37ª a nível mundial, num total de 185 economias. Segue-se o Peru (43), a Colômbia (45), o México (48) e o Panamá (61). A Costa Rica tem sidos dos países latino americanos a conseguir mais avanços, ocupando o 110º lugar (segundo o Banco Mundial). O PIB per capita latino americano está estimado em 12.328 dólares este ano, tendo tido um aumento de 3,6% face a 2011. O Panamá registou o maior aumento deste índice, desde 2008 (32,4%), seguido do Uruguai (27,7%), Peru (24,1%) e República Dominicana (19,7%). No entanto, é o Chile que ocupa, em 2012, a primeira posição no ranking dos países com PIB per capita mais elevado, no valor de 18,354 dólares, destronando o Uruguai para o segundo lugar, com 15,840 dólares. Na terceira posição surge o México, com 15,300 dólares por habitante – num universo de 115 milhões – na quarta o Panamá, com 15,266 dólares, e na quinta posição a Venezuela com 13, 242 dólares. Segundo o relatório da CEPAL, a inflação manteve uma tendência baixa no primeiro semestre de 2012, com uma variação média de 5,5%, o valor mais baixo desde 2010. O aumento do emprego e a melhoria das condições de trabalho são outros aspetos positivos a destacar na América Latina. A taxa de desemprego diminui para 6,4%, superando os valores estimados no início do ano. Mas o principal impulsionador da expansão regional tem sido o consumo privado: a acentuada melhoria do poder de compra, devido ao aumento do salário real, à maior facilidade no acesso ao crédito e, em alguns casos, as remessas, têm sido os fatores fundamentais para evitar uma maior desaceleração da economia, segundo CEPAL e OIT. Em suma, a América Latina regista desde 2003 uma eficaz performance económica, graças à adoção de políticas públicas centradas no desenvolvimento a longo prazo. Apesar de ser uma região com algum nível de heterogeneidade, no que toca ao desenvolvimento económico e social, conseguiu um crescimento médio anual do PIB na ordem dos 5%, entre 2003 e 2008, especialmente devido à inteligente combinação de dois factores: a procura externa e o consumo interno. O consumo interno aumentou em 15% nos últimos anos. Entre 2000 e 2007, a divida pública da região diminuiu para cerca de 15% do PIB, demonstrando a solidez das economias latino-americanas. Em plena crise mundial, entre 2008 e 2012, a conjuntura económica da região foi pouco afetada, em grande parte devido ao espaço fiscal disponível, que permitiu reagir com políticas contra cíclicas, de forma a estabilizar a trajetória crescente do investimento, emprego e crescimento. Este desenvolvimento económico levou ao crescimento exponencial da classe média em toda a região, sobretudo na Argentina, Brasil e México. Em alguns casos, está classe média obtém salários dez vezes superiores ao ordenado mínimo.

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